A cidade do Recanto das Emas completou 18 anos em 2011 atingindo a marca dos 160 mil habitantes. Até aí, nada de muito extraordinário. Mas nesta cidade tão nova e cheia de problemas sociais, um trabalho sustentado por doações e trabalho voluntário chama a atenção e ganha novos colaboradores. Sem ajuda governamental, há 15 anos a Fraternidade Assistencial Lucas Evangelista (FALE) ajuda portadores do vírus HIV/AIDS de maneira exemplar. Hoje 150 adultos e 50 crianças e adolescentes residem no local e sonham com um futuro melhor. Simone Balbina dos Santos, 26, (foto) não contraiu a doença, mas usava drogas desde os 10 anos de idade e procurou a comunidade para se livrar do vício e recomeçar a vida longe do Crack. Ela tem dois filhos e está grávida do terceiro e se considera uma vitoriosa por ter deixado as ruas há cinco meses. “Se não tiver apoio, essa droga é um caminho sem volta. Aqui é o paraíso”, afirma Simone.
No último sábado (10/12) a Fale estava em clima de festa devido à tão esperada confraternização de Natal que acontece todos os anos. Logo cedo, a comunidade estava bem movimentada e no olhar de cada criança se percebia uma grande curiosidade para saber a hora em que os presentes iriam chegar. Não demorou muito, o primeiro veículo pick-up chegou com dezenas de pacotes vermelhos e logo começou um corre-corre na vila, se formando uma enorme fila para ajudar a descarrega-lo. “Ei, vi seu nome ali naquele saco”, gritou um menino para o colega. Tamanha alegria parece ser a maior recompensa que os voluntários da entidade recebem em troca de tanto esforço para fazer a organização funcionar. “Hoje é um dia de muita alegria, pois estamos aqui para ajudar os nossos amigos, colaborando com as crianças, com os adolescentes e com os adultos”, diz o voluntário Brígido Ramos.
A apresentação do coral Habeas Cantus que é formado por servidores do poder Judiciário foi um dos momentos mais emocionantes da confraternização. Há 6 anos participando do evento, o grupo até interpretou Garota de Ipanema, de Tom Jobim. Porém, o que prendeu a atenção do público foi o repertório de músicas populares como Fuscão Preto (Almir Rogério), Ainda Ontem Chorei de Saudade (João Mineiro e Marciano), Dama da Noite (Teodoro e Sampaio) entre outras canções bastante conhecidas dessas pessoas tão humildes. Uma das coordenadoras da Fale, Dulcineia Ramos Araújo, carinhosamente chamada de tia Dulcineia, cita os bons resultados alcançados pela Casa do Caminho, na Bahia, como estímulo à sua crença no futuro promissor dos assistidos pela entidade. “A Casa do Caminho é maravilhosa lá já se formaram mais de 100 médicos, mais de 200 economistas e de tantas outras áreas. Eu gostaria que os meninos nossos aqui também tivessem um bom futuro é isso que a gente espera é isso que a gente deseja”, conta entusiasmada.
A hora avançava, mas ninguém redava pé do local aguardando o delicioso almoço oferecido pelo Restaurante Piantella - o restaurante disponibiliza almoço gratuitamente pelo menos quatro vezes no ano aos moradores. Para a diretora da Fale, Jussara Santos Meguerian, é fundamental o cidadão fazer uma visita para conhecer o trabalho desenvolvido e saber das necessidades da entidade. Devido ao período chuvoso, as casas precisam de reformas urgentes para corrigir problemas nas paredes e nos telhados. “Depois de reformar as casas, o nosso maior desafio é construir o muro, pois a área é muito grande e temos dificuldades de controlar a entrada de pessoas”, explica Jussara. O trabalho da Fale, a partir do exercício da fé, vem melhorando a autoestima dos soropositivos ou usuários de drogas assistidos pela instituição e que desejam dar um novo sentido a vida.
Serviço: FALE – Chácara 11, Núcleo Rural Vargem da Benção – Recanto das Emas (DF); Telefones (61) 3331-3556 / 33460706.
Nota: A reportagem é uma contribuição do Sindicato dos Trabalhadores em Telecomunicações do Distrito Federal – SINTTEL-DF para divulgar o trabalho da Fale e conquistar novos voluntários para a instituição. A Fotografia estampada na reportagem tem autorização por escrito para publicação.
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