domingo, 14 de agosto de 2011

Governo amplia apoio na Câmara e conta com pelo menos 20 dos 24 distritais



Publicação: 14/08/2011 Correioweb

Expectativa é a palavra que resume bem o sentimento da maioria dos deputados distritais em relação ao Executivo. Depois de um primeiro semestre de muitas críticas sobre a falta de diálogo por parte do Buriti, os legisladores locais esperam o cumprimento das negociações feitas com o governador Agnelo Queiroz (PT) nos últimos meses.

O principal desafio do petista, no entanto, será não apenas tirar do papel as promessas ainda não cumpridas desde o início do ano, como refrear o apetite crescente da base aliada. Tudo isso sem criar novas rusgas...

Agnelo se reuniu com a base governista no fim do semestre, próximo ao período de votações importantes na Câmara Legislativa. A base é formada hoje por pelo menos 20 dos 24 parlamentares da Casa. No início do ano, eram 18. Os deputados passaram os primeiros seis meses do ano reclamando do não cumprimento das negociações feitas durante a campanha de 2010, mas ouviram, na reunião, a renovação das promessas. Foi o suficiente para garantir a aprovação dos projetos do Executivo e iniciar um período de trégua. “Nós estamos voltando de um recesso e a Câmara ainda não começou os novos grandes debates. Com a volta desses temas, poderemos ver como está a relação”, avalia Olair Francisco (PTdoB).

Os principais debates do semestre girarão em torno do orçamento, com as aprovações do Plano Plurianual (PPA), da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e do Plano Diretor de Ordenamento Territorial (Pdot). Para isso, o GDF terá de atender as demandas pessoais dos distritais. Segundo o líder do governo na Câmara, Wasny de Roure (PT), o Executivo tem de prestar mais atenção à Casa. “Eu tive muito pouco contato com o governador após o último processo de votação. No início de julho, tive uma reunião com ele para passar os pactos firmados a fim de que fossem respeitadas as negociações feitas”, afirma Wasny.

Na relação institucional, os principais interlocutores têm sido o presidente da CLDF, Patrício, e o secretário de Governo, Paulo Tadeu, ambos do PT. Eles têm conversado com alguns distritais e demonstrado uma nova disposição do GDF em atender as demandas de cada um. “A nossa esperança é que a base possa se sentir integrada ao novo caminho, a fim de ajudar nas políticas públicas e nos projetos”, diz Rôney Nemer (PMDB). Além dos espaços no governo, os deputados querem atuar diretamente nos projetos que atendem as próprias bases, inclusive com indicações e opiniões. “A gente já indicou algumas pessoas e agora quer participar mais ativamente. Especificamente, queremos ajudar na parte de desenvolvimento”, afirma Olair.

Se a base ainda não está totalmente firme, pelo menos a oposição não ganhou estatura suficiente para criar grandes problemas. Atualmente, apenas Celina Leão (PMN), Eliana Pedrosa (DEM) e Liliane Roriz (PRTB) têm desempenhado esse papel. Por sua vez, Washington Mesquita (PSDB) ainda é considerado pelos colegas como independente, sem um lado definido. “Ainda há insatisfação. Só vamos poder sentir o cenário real quando houver uma votação polêmica”, diz Celina.

TrocasUma das fórmulas vislumbradas pelo governo para conseguir dominar melhor a bancada na Câmara é aumentar o número de suplentes na Casa. Por isso, interlocutores do governador têm trabalhado para atrair pelo menos três distritais ao primeiro escalão. Cristiano Araújo (PTB) está acompanhando o governador na viagem à China e tem aproveitado cada instante possível para apresentar as demandas. Ele já afirmou que só aceitará um cargo da estatura política dele. Nesse sentido, foram colocadas sobre a mesa as pastas de Desenvolvimento Econômico e a de Trabalho — atualmente sob responsabilidade de Jacques Pena (PT) e de Glauco Rojas Ivo (PDT), respectivamente. 

O ponto mais delicado é conseguir fazer o remanejamento sem causar maiores descontentamentos. Pena representa uma importante tendência do Partido dos Trabalhadores, enquanto Rojas é indicação de outro distrital, o pedetista Israel Batista. Por sua vez, assediado desde o início do ano pelo governo, Joe Valle (PSB) reluta em assumir uma secretaria. Ele fez indicações para a Agricultura e para a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) e só deverá sair para alguma pasta que “valha a pena”.

Situação parecida passa Aylton Gomes (PR). É considerado um dos mais famintos membros da base aliada e a saída dele para o governo ajudaria a esfriar os ânimos de outros deputados inflamados pelo colega. Apesar de ainda não ter havido convite formal, Aylton tem sido sondado para a Secretaria do Entorno. No entanto, não se sentiu atraído para comandar uma pasta sem muitos recursos. Ademais, pesa o fato de a saída de Cristiano Araújo abrir vaga na Segunda Secretaria da Câmara para ele. Enquanto isso, os suplentes Dr. Charles (PTB), Guarda Jânio (PSB) e Bispo Renato (PR) aguardam as negociações.

Atualmente, a Câmara conta com apenas duas suplentes. Luzia de Paula (PPS) entrou no lugar do secretário de Justiça, Alírio Neto (PPS), enquanto a petista Rejane Pitanga assumiu na vaga da secretária de Desenvolvimento Social, Arlete Sampaio (PT). Para o governo, os substitutos são mais fiéis às demandas do Executivo justamente por “dever” o cargo à convocação dos titulares. Quem também é cotado para ganhar um convite, mas só no futuro, é Dr. Michel (PSL). Atual vice-presidente da Câmara Legislativa, seria uma forma de acomodá-lo na segunda metade da atual gestão e agradar, ao mesmo tempo, outros aliados.

Agenda» Plano Plurianual 2012-2015Foi elaborado pelo GDF e prevê investimento de R$ 113 bilhões.As principais áreas beneficiadas serão saúde, educação, segurança, infraestrutura e assistência social.

» Plano Diretor de Ordenamento TerritorialA Câmara Legislativa vai apreciar um projeto para atualizar o Pdot aprovado em 2007, mas que acabou tendo 60 pontos considerados inconstitucionais pela Justiça.

» Lei de Diretrizes Orçamentárias
Regula a manutenção de projetos, a arrecadação e a execução orçamentária para 2012. Tem de ser elaborada segundo as diretrizes do PPA. Os distritais querem aumentar o valor das emendas individuais para R$ 10 milhões.

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