terça-feira, 16 de agosto de 2011

Entrevista exclusiva com Cabo Patrício


Deputado Cabo Patrício fala com exclusividade ao Alô Brasília
16/08/2011 08h35
Lorena Pacheco
HELIO MONTEIRO
No gabinete da presidência da Câmara Legislativa, na semana passada, o deputado Patrício (PT) recebeu o Alô para um bate papo. O presidente da Casa ressaltou a importância de o parlamentar saber as atribuições de um distrital, sobre o pulso firme que terá em relação aos casos de nepotismo e funcionários fantasmas na Câmara e ainda falou sobre futebol. Esperançoso, o torcedor do Gama promete ajudar o time local e quer ver “os periquitos” na segunda divisão do futebol brasiliense.
Como estão os trabalhos na CLDF?O retorno foi tranquilo, o trabalho vai render muito mais do que no primeiro semestre, até porque já temos  projetos que foram analisados nas comissões e podemos começar a votar proposições de deputados.  No primeiro semestre não tinha como fazer votação de projeto de deputado de imediato, porque a Câmara tem uma cultura de votar sem que os projetos passem por comissões. Eles iam direto a plenário e a maioria era considerado inconstitucional. Tem projeto que você “mata” na Comissão de Constituição e Justiça, antes de analisar a questão do mérito. Quando ia direto a plenário, o deputado votava porque gostava do outro, tinha boa relação, nem sabia o que era o projeto, que não era debatido.

Mas os projetos do governo também têm passado pelas comissões?Sim. Claro que o governo, que está começando, acabou enviando uma série de projetos na última semana (antes do recesso parlamentar), mas foram discutidos com os deputados, técnicos e secretários. Neste segundo semestre, queremos um planejamento, conversamos inclusive com a liderança do governo, para que não mande (projeto) em cima da hora, para a gente vá discutindo, trabalhando, fazendo audiências públicas, comissão geral. Temos projetos aqui que terão que ser amplamente discutidos. O plenário tem que ser pra votar projeto importante para a sociedade. Quanto mais você debater, vai valorizar a atividade parlamentar e aumentar o respeito pela Câmara Legislativa. Não dá para deputado ficar apenas no discurso.

Muita gente acha que a atividade parlamentar se restringe à votação...É uma cultura da sociedade e não se muda por decreto. Os políticos foram se afastando da sociedade e a população começa a achar que o parlamentar pode resolver todos os seus problemas. E realmente é isso. O deputado vai pra campanha, o senador, chega lá e às vezes nem sabe qual é a prerrogativa dele. Ele não sabe nem o que vai fazer, não conhece o regimento interno da Casa aonde ele quer ir. Então ele sai construindo plataformas, distribuindo santinhos com propostas mirabolantes, muitas coisas inclusive que são do Executivo. Parece que ele é candidato a governador, não a deputado ou senador, não sabe nada de competência. Portanto, começa por aí, ele tem que se qualificar para ele esclarecer para seu eleitorado (sobre a atividade parlamentar). E quando chega aqui na Câmara, é preciso que nós também façamos este esclarecimento. O problema é que não tínhamos uma política na Casa de explicar para a sociedade.

A recomendação do Ministério Público do DF de acabar com o nepotismo na CLDF tem gerado irritação em alguns deputados, que não param de reclamar. Este assunto virou uma crise? O senhor vai seguir a lei?Não tem crise nenhuma, é comum que o cidadão reclame quando não é atendido ou perca um pleito e um deputado reclama mais ainda, o que é normal. Eu não tenho nenhum problema de o deputado reclamar, achar ruim ou fazer crítica. Se eu tiver em paz com a minha consciência, estou tranquilo. O que me importa é a minha consciência. Eu não vou tomar uma medida nem pra agradar um segmento do eleitorado que me elegeu, nem pra agradar um deputado. Isso eu não vou fazer. Eu vou agir de acordo com a minha consciência, que foi como eu fiz na Caixa de Pandora, seguindo a Constituição, a Lei Orgânica do DF e o Regimento Interno da Câmara. Depois, quando você sai, fica numa tranquilidade que dinheiro nenhum paga. E quanto à denúncia de um portal da internet sobre um suposto funcionário fantasma.Tem aqui?

Aparentemente tem. Seria um irmão de uma conselheira do Tribunal de Contas do DF.A questão do nepotismo vai ajudar então. Se tiver mesmo, vai ajudar. O senhor sabe de algum funcionário fantasma?Não, não sei. E se tomar conhecimento vou tomar todas as providências necessárias. E quanto à denúncia do portal?A Câmara tem corregedoria. É só apresentar a denúncia ao corregedor que ele tomará todas as medidas necessárias. Se não quiser, pode apresentar pra mim que eu garanto o anonimato e tomo todas as providências, sem constrangimento nenhum.  Aqui não vai existir fantasma.  Podemos até montar uma comissão, Caça Fantasmas (risos). Criou-se um estado de denuncismo no Distrito Federal. O Código de Processo Penal é muito claro, cabe a quem acusa o ônus da prova. Então, se alguém tem vídeo, foto ou denúncia contra o agente público, que está ali para ser fiscalizado, por que não apresentar?

O senhor acha que ele vai conseguir “arrumar” a cidade para a Copa de 2014?Eu tenho certeza. Se não fosse assim, nós não teríamos obras como a do Estádio Nacional de Brasília, a mais avançada do Brasil, nós não estaríamos trazendo a Copa das Confederações (2013) para cá. O governador Agnelo foi para a China buscar a Universíade. Brasília tem todas as condições, o Plano Diretor de Transporte Urbano é exemplo disso. Porque se você investir sete bilhões de reais no transporte público do DF, estará pensando na Copa do Mundo. Agora, mais do que pensar na Copa, é preciso pensar pós-Copa. Porque depois que acabarem as festividades e os turistas forem embora – o Brasil pode inclusive ser campeão – mas e aí? Como fica todo o investimento feito para a Copa? Tem que ter um retorno para o cidadão, seja na saúde, no transporte público, seja na segurança pública e na educação.

O senhor torce pra qual time de futebol?Sou vascaíno, cruz-maltino, mas eu sou gamense de coração. O Gama está na quarta divisão (do Campeonato Brasileiro), a um ponto do líder, e vai pra terceira divisão.

O Gama vai subir mesmo para a terceira divisão?
Com certeza, estamos trabalhando pra isso. Eu recebi aqui na presidência a direção do Gama, já conversei com o governador, vice-governador e secretário de Governo sobre o BRB (Banco de Brasília) e as estatais de Brasília voltarem a patrocinar o Gama, em torno de 120 mil reais por mês, para que o time possa subir. Você não pode ter a Copa do Mundo sem ter um time de futebol da cidade pelo menos na segunda divisão. O Romário e outros jogadores tiraram o prestígio de Brasília, dizendo que não temos tradição no futebol. Então nós vamos mostrar pro Romário, pro Zico e pra outros, que Brasília vai ter tradição no futebol. Começa agora. Quase ninguém sabe, mas nós temos nove campos de futebol que estão sendo recuperados, nós temos times de futebol disputando a segunda divisão do campeonato distrital e que vão subir e chegar ao patamar do Gama. E o Gama vai estar, se Deus quiser, na segunda divisão do Brasileirão em 2014.

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