quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Luta, Luto.


Por: Carlos Odas

Segundo o Houaiss, umas das acepções do termo "luta" é a seguinte:

"...no marxismo, o confronto entre classes sociais antagônicas, considerado uma característica histórica fundamental das sociedades humanas, e quase sempre motivado pelas posições contraditórias que ocupam essas classes no processo da produção econômica."

Segundo, ainda, o mesmo dicionário, a expressão "ir à luta" significa: "esforçar-se, enfrentar as dificuldades".

E não está lá, mas subentende-se: pode-se lutar, esforçando-se por superar as dificuldades, em nome de uma causa, por um motivo que pareça, em princípio, imaterial ou até irrealizável.


Por minha conta, acho que uma espécie de lado reverso da luta é o luto. O luto se expressa de algumas formas; por exemplo, o lutador pode ter cansado da luta e ter-se deixado vencer. Então esse é o luto das idéias derrotadas, da vontade de mudança que se esvaiu frente aos danos colossais de um sistema meticulosamente erigido para tolher os sonhos de mudança. É um luto muito triste em que se pranteia idéias mortas. Mas há também o luto que vestimos na alma quando a fatalidade leva da vida um lutador em quem acreditamos. Esse luto torna, também, mais difícil a luta, porque as idéias não morreram mas a gente olha e não vê mais o outro ali a empurrá-las adiante. Por outro lado, vê-se aí que a luta é um laço que faz irmãos tanto ou mais que a co-sanguinidade.

Há ainda, talvez, um outro encanto insuspeitado: ao nomear tão alta acepção da natureza humana, a ela, ao menos em nosso idioma, deu-se um gênero feminino: a luta é mulher e, ao trocar de gênero, poderia tornar-se o luto. A nós, então, resta somente defender como verbo a insígnia da resistência: luto!

Dedico à memória da companheira Eliane Oliveira, militante do PT e coordenadora de Juventude da Fetraf/Brasil, meu luto mas, sobretudo, a luta - que não é minha mas na qual tomo parte, tenho lado, o mesmo lado que ela. Presente! Sempre.

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