sábado, 25 de agosto de 2012

25 de agosto de 1961: A renúncia de Jânio Quadros


25 de agosto de 1961: A renúncia de Jânio Quadros

A reúncia de Jânio Quadros. Jornal do Brasil: Sábado, 26 de agosto de 1961

"Nesta hora de grave crise e de perigos incontáveis, cabe a todos os brasileiros a tarefa de se empenharem na preservação da unidade nacional e das instituições democráticas. A renúncia do Presidente Jânio Quadros causou profunda inquietação ao povo inteiro, paralisou a administração, obrigou as Forças Armadas a se colocarem de prontidão, fez com que os governos estaduais adotassem medidas de precaução, pôs o Poder nas mãos do Presidente da Câmara e deixou o Brasil numa situação tal que ninguém pode esconder o temor que todos sentimos de que a própria Nação pode perder-se ou descrer de si mesma". Jornal do Brasil

Janio Quadros. Erno Schneider. CPDoc JB

A efêmera presidência de Jânio Quadros foi marcada por polêmicos mandos e desmandos: a tentativa de reaproximação com a URSS e a China, a nomeação de um embaixador negro para a África, a recusa de apoio aos americanos na expulsão de Cuba da OEA, e ainda a proibição de rinhas de galo e de maiôs cavados, causaram perplexidade entre o povo e as elites.


O desfecho dessa gestão não seria menos surpreendente. Jânio renunciou ao cargo quando o vice, João Goulart, se encontrava em visita oficial à China. A ausência de Jango abriu margem para que o presidente da Câmara, Ranieri Mazzili, assumisse provisoriamente o governo. Até hoje se especula sobre os reais motivos da renúncia. O mais lógico é a de que se tratou de uma manobra estratégica. Sem maioria no Congresso, e ciente do desconforto entre Jango e os militares, renunciara na expectativa que o Parlamento lhe oferecesse liberdade governamental, e de que contaria também com o apoio do exército. O Congresso, contudo, aceitou prontamente sua renúncia eclodindo uma crise política que culminaria, anos mais tarde, no Golpe Militar. Ninguém ofereceu lição maior de esperança e desilusão ao povo brasileiro.

Surpreendente e polêmico do início ao fim

Jânio Quadros assumiu a Presidência da República a 31 de janeiro. Contrariando a expectativa geral, em seu discurso de posse foi discreto e gentil, chegando mesmo a tecer elogios ao governo anterior. Na mesma noite porem, surpreendeu a todos. No seu pronunciamento em rede nacional atacou violentamente o governo JK, acusando o ex-presidente de nepotismo e inoperância administrativa, responsabilizando-o pelo descontrole inflacionário e pela galopante dívida externa. Era o primeiro de tantos episódios histriônicos que ensaiaria na sua turbulenta trajetória de 209 dias à frente do poder máximo do país.

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