sexta-feira, 20 de abril de 2012

Barbosa diz que Peluso é 'tirânico' e que 'tentou manipular' julgamentos



A 'O Globo', Joaquim Barbosa falou de briga com ex-presidente do STF.
Peluso havia dito que Barbosa é 'inseguro' e que reagia 'violentamente'.


Os ministros do STF Joaquim Barbosa (esq.) e Cezar Peluso (Foto: STF e Agência Brasil)Os ministros do STF Joaquim Barbosa (esq.) e
Cezar Peluso (Foto: STF e Agência Brasil)
Em entrevista ao jornal "O Globo"publicada na edição desta sexta-feira (20), o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Joaquim Barbosa voltou a criticar o ex-presidente da Corte Cezar Peluso, que deixou o comando do tribunal nesta quinta (19). Barbosa chamou Peluso de "tirânico" e afirmou que ele "tentou manipular resultados de julgamentos".
"As pessoas guardarão na lembrança a imagem de um presidente do STF conservador, imperial, tirânico, que não hesitava em violar as normas quando se tratava de impor à força a sua vontade. Dou exemplos: Peluso inúmeras vezes manipulou ou tentou manipular resultados de julgamentos, criando falsas questões processuais simplesmente para tumultuar e não proclamar o resultado que era contrário ao seu pensamento. Lembre-se do impasse nos primeiros julgamentos da Ficha Limpa, que levou o tribunal a horas de discussões inúteis", disse Barbosa ao jornal.
A entrevista ao "O Globo" alimenta o conflito entre os dois ministros, explicitado em entrevistas publicadas nesta semana. Ao site da revista jurídica Conjur, Peluso, então como presidente da Corte, afirmou que Barbosa é uma pessoa “insegura”, que “se defende pela insegurança” e que reagia “violentamente” quando provocado.
“A impressão que tenho é de que ele tem medo de ser qualificado como arrogante. Tem receio de ser qualificado como alguém que foi para o Supremo não pelos méritos, que ele tem, mas pela cor”, disse Peluso sobre o colega.
Um dia depois, Joaquim Barbosa reagiu às declarações. "O Peluso se acha”, disse. Ele também criticou declarações de Peluso sobre a corregedora do CNJ. O presidente da Corte disse que Eliana Calmon não deixaria qualquer “legado” ao sair da corregedoria e que teria se “deslumbrado” com a exposição na mídia.

Barbosa também criticou comportamentos racistas. "Ao chegar ao STF, eu tinha uma escolaridade jurídica que pouquíssimos na história do tribunal tiveram o privilégio de ter. As pessoas racistas, em geral, fazem questão de esquecer esse detalhezinho. [...] Peluso não seria uma exceção."Na entrevista publicada em "O Globo" nesta sexta, Barbosa chamou o período de Peluso no comando do tribunal de "desastrosa presidência" e disse que ele "incendiou o Judiciário inteiro com sua obsessão corporativista".

'Supreme bullying'
O ministro Joaquim Barbosa disse ainda ao jornal que Peluso colocou processos dele na pauta de julgamento após uma cirurgia delicada no quadril "para forçar" a ida dele ao plenário "pouco importando se a condição o permitia ou não".

Afirmou que, por conta do episódio, mostrou laudos médicos a Peluso, abrindo mão do direito à confidencialidade em relação à sua situação de saúde. "Desde então, aquilo que eu qualifiquei jocosamente com os meus assessores como 'supreme bullying' vinha cessando. As fofocas sobre a minha condição de saúde desapareceram dos jornais."
Barbosa falou ainda que ele e Peluso pertecem "a mundos diferentes". "Eu aposto o seguinte: Peluso nunca curtiu nem ouviu falar de The Ink Spots [grupo norte-americano de rock e blues). Isso aí já diz tudo do mundo que existe a nos separar.

Fonte: G1

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