sexta-feira, 6 de julho de 2012

Carta ao meu amado campeão Corinthians




Ontem eu e mais 35 milhões de fiéis torcedores(as) fomos tomados(as) pela emoção e por um sentimento inexplicável pela conquista desse título inédito da Libertadores , foram 102 anos de espera e eu fiquei pensando como agradecer toda essa imensa felicidade  e concluir que falar, gritar, chorar não  explicaria e decidir escrever, porque as palavras movem moinhos e desvendam paixões que até o ser humano desconhece, vamos lá.

Quatro de julho de 2012, quarta-feira, dia de lua cheia, de som, de gritos e de poesia. Dia histórico que nenhum brasileiro(a) jamais se esquecerá. Essa semana começou diferente, ontem foi tudo diferente, o Brasil parou! Esse Brasil de tantos times ontem só havia dois, Corinthians e os contras o timão! Algo inédito aconteceu, os outros clubes foram extintos e mais que de repente o Boca tornou-se um time brasileiro, e quem é esse  Corinthians que causa essa crise de identidade?

E explico, essa explosão de paixão e emoção, se manifestou pela primeira vez no dia 1º de setembro de 1910. Naquele dia, há exatos 102 anos, no bairro do Bom Retiro, nascia o Sport Clube Corinthians Paulista. O time foi fundado por cinco jovens operários. O primeiro jogo oficial do Corinthians foi em 10 de setembro de 1910, contra o melhor time da Várzea, o temível União da Lapa. Acostumado a golear seus adversários. O União da Lapa encontrou um Corinthians valente, cuja garra impressionou a todos. Os operários que assistiam ao jogo se identificaram com a raça corinthiana e começou ali a fama que seria a marca do Corinthians: O time do povo, o time da raça.

Ontem realmente eu entendi o verdadeiro sentido da palavra democracia,  raça e massas. Hoje, avaliando tudo que aconteceu, passa um filme na minha cabeça, e logo vêm várias cenas a minha frente. Lembro-me de homens abraçando homens sem medo, chorando sem vergonha, se emocionado sem pudores, qualquer lugar se transformou num espaço verdadeiramente democrático, e todos os presentes, cada um de sua forma, demonstravam seus sentimentos, naquele instante não existiam patrões nem empregados, comandantes nem comandados, pois todos se transformaram em protagonistas, protagonistas de um palco com luz, com cores,  de sonhos, de amor e alegria. Todos vestidos com trajes do Coringão, com uniformes  de cores tão simples e tão dignas.

Essa torcida é única. A grande massa que vão aos estádios sai dos bairros mais distantes, isso é uma forma de aliviarem suas opressões e pressões. Transcrevo um trecho do livro "Futebol ao Sol e à sombra" do poeta Eduardo Galeano (sim, ele mesmo, poeta socialista Uruguaio) que fala de torcedores:
"Metido numa centopéia perigosa, o humilhado se torna humilhante e o medroso mete medo. A onipotência do domingo exorciza a vida obediente do resto da semana, a cama sem desejo, o emprego sem vocação ou o emprego nenhum: Liberado por um dia, o fanático tem muito do que se vingar".

Essa gente trava diariamente uma verdadeira guerra contra a dor, a fome, ônibus lotado, humilhações, desemprego, lágrimas... mas levam consigo a esperança e expectativa de chegar o final de semana, pra ver o timão jogar, e ganhando ou perdendo, a festa sempre vale a pena, porque não é simplesmente uma torcida, é uma nação, e uma nação patriota, jamais abandona seu país na guerra. Mesmo sabendo que no campo de batalhas, suas armas não possuem a mesma potência dos adversários, mas a paixão supera qualquer tanque ou fuzil, ela brota da alma, e essa ninguém consegue atingir.

São Jorge, Santo Guerreiro nos proteja de todos os males, que enfrenta todos os bugres e dragões, e que nos afasta, com toda a classe, de porcos, urubus, leões, peixes e outros bichinhos que costumam se arriscar pelos campos, porque a inveja está gigante, devido a nossa  campanha que cala os críticos, envergonha as outras torcidas, mas que orgulha e emociona a nossa massa.

Ontem ao anoitecer São Jorge estava vivo naquela imensa lua cheia, nosso santo padroeiro não iria ficar de fora da festa. E hoje ao raiar do dia, ao nascer do sol, todos perceberam que nossa profecia se concretizou- Hoje não é um dia comum!!!!
Quero pedir perdão aos que torceram contra nosso título, não foi dessa vez!
E aos que torceram incansavelmente, pode comemorar a América é nossa, porra!!!
Obrigada Corinthians!
Clébia Rosa


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