quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Mesmo com chuva, 40 mil pessoas vibram no Ceilambódromo

Mesmo com chuva, 40 mil pessoas vibram no Ceilambódromo

Foto: Hmenon Oliveira/Agência Brasília - 21.02.2012

AS SEIS ESCOLAS DE SAMBA DO GRUPO ESPECIAL DO DF SE APRESENTARAM NA NOITE DESSA TERÇA-FEIRA (21) EM UM ESPETÁCULO DE CORES, COREOGRAFIAS E GRANDIOSOS CARROS ALEGÓRICOS; DESFILES COMEÇARAM NO SÁBADO

Agência Brasília - O Carnaval de 2012 no Ceilambódromo foi marcado pela segurança e a presença de famílias em um clima de alegria e tranquilidade. Enquanto o público – estimado em 40 mil pessoas – prestigiava as apresentações de bandas e os desfiles das escolas de samba, a equipe formada pela Polícia Militar e pelo Corpo de Bombeiros do Distrito Federal se encarregava da segurança nos quatro dias de evento.
A Polícia Militar não registrou ocorrência no Ceilambódromo entre sábado (18) e terça-feira (21). Ao todo, 1.650 policiais atuaram nos quatro dias de evento, com 60 viaturas. Já o Corpo de Bombeiros registrou um total de 28 incidentes. No sábado (18), foram duas ocorrências de casos clínicos. O Corpo de Bombeiros disponibilizou 1,3 mil homens para o Ceilambódromo entre sábado e terça-feira, utilizando 49 viaturas.
No domingo (19), houve apenas 18 atendimentos, sendo nove de casos clínicos por excesso de álcool, três de quedas, três por luxações e fraturas e três de vítimas de arma branca. Na segunda-feira (20) o posto registrou seis ocorrências: quatro por quedas e duas de casos clínicos por excesso de álcool. Ontem, dia 21, foram apenas dois incidentes por excesso de álcool.
Grupo Especial
A chuva no início da noite não conseguiu desanimar o público do Ceilambódromo nessa terça-feira (21), feriado de Carnaval. Todos aguardavam ansiosos pelo início dos desfiles das escolas de samba do Grupo Especial, a elite da folia brasiliense. Com a trégua de São Pedro, a entrada do Grêmio Recreativo Escola de Samba Capela Imperial foi anunciada. A agremiação de Taguatinga apresentou o enredo Capela canta Elis e Elis encanta o Brasil e levou para a avenida a irreverência e o talento da pimentinha do Brasil – como era conhecida a cantora Elis Regina, falecida há 30 anos.
O samba-enredo, em sincronia com as coreografias da escola, esquentou a noite fria, e as fantasias chamaram a atenção pelo brilho e acabamento. Integrantes da diretoria e da harmonia se permitiram pular o Carnaval, formando a última ala da Capela, que exibiu três carros alegóricos.
Na dispersão, abraços, beijos e vibração, apesar de a escola não ter desfilado com 700 integrantes, quantidade mínima exigida pelo regulamento. “Entramos com 500 pessoas. E a chuva também atrapalhou, o rosto da Elis em um dos carros acabou ficando de fora. Mas fizemos um desfile compacto, bonito e mostramos criatividade em nossas fantasias. Estamos felizes”, disse a presidente da escola, Cíntia Aquino.
Cultura e misticismo
Rituais caiapó, o real que não é visto foi o tema trazido pela Associação Desportiva e Cultural Mocidade do Gama. Exaltar a diversidade da cultura brasileira e falar de fé e misticismo eram as metas do enredo, que inspirou um espetáculo na comissão de frente, com fantasias exóticas e danças tribais.
A natureza, os animais e as crenças foram marcantes nas fantasias e nos quatro carros alegóricos da escola, que cantou a grandeza da brasilidade. Durante o desfile, a Mocidade deixou espaços vagos entre as alas, mas procurou superar os erros com carisma. Cerca de 700 pessoas desfilaram.
“No Carnaval sempre há imprevistos. Mas conseguimos fazer um desfile simples, dentro do enredo, com harmonia. E o mais importante: passamos ao público a mensagem de preservação da natureza e da cultura no país”, ressaltou a diretora-geral de Carnaval da escola, Edilamar Melo.
Guardiões do conhecimento
A Acadêmicos da Asa Norte celebrou o cinquentenário da Universidade de Brasília com o enredo Do Saber ao ouro: 50 anos de história da UnB!. A escola se destacou pela empolgação dos cerca de 730 integrantes, que cantaram a letra da escola como se fosse um grito de guerra.
Os livros, a sabedoria e a diversidade foram exaltados nas fantasias e alegorias da Acadêmicos, que contou com professores, decanos, funcionários e alunos da UnB no desfile. O reitor da universidade, José Geraldo de Sousa, foi destaque no último dos três carros alegóricos da escola. “Para mim esta homenagem significa uma dupla satisfação. A de perceber que o Carnaval, uma manifestação cultural do povo, identifica na UnB uma instituição digna de reconhecimento social; e por sentir que a UnB é parte do povo, já que o público aplaudiu muito das arquibancadas”, destacou o reitor.
Ao samba-enredo da Acadêmicos, José Geraldo de Souza foi só elogios. “A letra da música captou bem todas as fases da UnB, de conquistas, avanços, do PAS, da educação a distância e até dos tempos de repressão na ditadura”, completou o reitor, que disse estar satisfeito com o Carnaval em Ceilândia, onde esteve pela primeira vez nessa terça-feira.
Aproximadamente 80 mulheres da Secretaria da Mulher e convidadas da Secretaria de Educação também fizeram parte do desfile da Acadêmicos da Asa Norte, em uma ala que representou o jubileu da UnB. Vestidas de branco, amarelo e dourado, as mulheres fecharam o desfile, demonstrando o sucesso da universidade em seus 50 anos.
O presidente da Acadêmicos, Robson Farias, ficou feliz com o resultado da escola. “Graças a Deus tudo correu dentro do que planejamos. Homenageamos uma instituição importante como a UnB e mostramos muita alegria em todo o desfile”, ressaltou o dirigente, ainda no ritmo do samba.
Homenagem a Portinari 
Campeã do grupo especial em 2011, a Associação Recreativa e Cultural Unidos do Cruzeiro (Aruc) investiu em uma homenagem ao pintor paulista Cândido Portinari ao levar para o Ceilambódromo o enredo Portinari – as cores e as caras do Brasil. Rostos pintados e roupas coloridas deram o tom da apresentação, que abriu com uma dança com lenços na comissão de frente.
A infância de Portinari no interior e a formação na Escola Nacional de Belas Artes no Rio de Janeiro foram alguns dos momentos contados pela Aruc, que relembrou obras do artista nas fantasias e nos três carros alegóricos. Ao final do desfile, integrantes da diretoria e da harmonia abriram uma grande roda e soltaram o grito de “É, campeão!”.
Para o presidente da agremiação, Moacir Oliveira Filho, a Aruc mostrou a que veio. “Fizemos um grande desfile, digno da tradição e da história da escola. Escolhemos o tema para homenagear os 50 anos da morte do artista e não tivemos falhas. Agora é esperar o resultado”, afirmou, otimista.
Dona da casa
Como já era esperado, a apresentação da Associação Recreativa Cultural Desportiva de Samba Águia Imperial de Ceilândia agitou as arquibancadas do Ceilambódromo. Antes mesmo que a escola entrasse na avenida, a torcida já estava de pé e cantava o samba-enredo de Brasil, 90 anos de modernismo.
Com o tema, a Águia retratou um dos maiores movimentos artísticos brasileiros, o qual mudou para sempre os rumos da arte no país. No carro abre-alas, um grande teatro municipal surgiu acompanhado da águia, símbolo da escola. Nos outros três carros alegóricos, pinturas clássicas, livros, músicas e culturas como a nordestina foram estampadas.

“Foi muito corrido, pois entramos com 1,2 mil integrantes. Ficamos preocupados de não sair, mas deu tudo certo e conseguimos contar a história da evolução artística no Brasil”, comemorou o presidente da Águia, Raniere Rezende de Freitas.
Made in China
Suspense e expectativa definiram o início do desfile do Grêmio Recreativo Escola de Samba Bola Preta de Sobradinho, que gastou 13 dos 60 minutos a que tem direito em um “esquenta” na entrada da avenida. Quando a escola deu o primeiro passo, o enredo China – rompendo a muralha e abraçando o mundo tomou conta do Ceilambódromo com suas cores e símbolos chineses. Nas contas da escola, cerca de 850 pessoas desfilaram, mas a organização contabilizou 668.
Guerreiros com espadas e escudos e camponeses desfilaram fantasias e adereços típicos do país asiático. Entre os destaques da escola estavam os quatro grandes carros alegóricos (o maior tinha nove metros de altura), as imagens de Buda e o dragão imperial, que encantou o público com seus movimentos.
O objetivo de mostrar a importância da China e a influência de sua cultura em todo o mundo foi alcançado, na opinião do presidente da escola, Rony Pala. “Conseguimos apresentar nosso Carnaval na avenida de forma criativa, com destaque para a comissão de frente, a bateria e os carros alegóricos. Tentamos ser diferentes”, pontuou o dirigente, que usava uma fantasia de chinês e segurava uma espada.

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