terça-feira, 6 de agosto de 2013

Resenha desmonta livro de repórter da Veja contra Zé Dirceu



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Biografia não autorizada de Otávio Cabral traz erros históricos crassos, além de realçar aspectos pessoais em detrimento dos políticos.

Via Revista Fórum

O jornalista Mario Sergio Conti publicou na revista Piauí uma resenha (Chutes para todo lado) sobre a biografia não autorizada de José Dirceu. O livro Dirceu: A biografia foi lançado em junho deste ano pelo editor da revista Veja Otávio Cabral (Editora Record). Em duas semanas, a suposta biografia teria vendido 30 mil exemplares e chegou à lista dos mais vendidos de não ficção. No entanto, é assustador a quantidade de erros encontrados na obra, que não contou com sequer uma entrevista com o biografado e pessoas próximas a ele.

Conti fez o trabalho de relatar todas as inverdades encontradas em suas páginas, das menores às maiores, estas históricas. Ele lista vários equívocos só nas seis primeiras páginas do capítulo inicial. “E a sexta página se encerra com um abuso: Otávio Cabral afirma que José Dirceu apoiava Jango ‘mais para se opor ao pai do que por ideologia’. Nada autoriza o biógrafo a insinuar o melodrama edipiano. Ainda mais porque, dois parágrafos adiante, é transcrita uma declaração na qual José Dirceu afirma que, no dia mesmo do golpe, se opôs à ditadura por “um problema de classe”, completa.

Entre as “invencionices” do biógrafo Cabral, listadas por Conti, estão afirmações de que Dirceu teria trabalhado na TV Tupi, o que não confere. Diz ainda que o presidente do PT Rui Falcão foi colega de Dirceu na PUC, onde estudou jornalismo. A PUC sequer tinha curso de jornalismo e Falcão fez Direito na Universidade de São Paulo. Afirma que uma das ações mais ousadas de Dirceu “foi a destruição do palanque do governador paulista, Abreu Sodré, no 1º de maio de 1968, na Praça da Sé. O ataque a Sodré foi feito por metalúrgicos de Osasco, liderados por José Ibrahim”.

O biógrafo afirma que em 1968 “a Guerra Fria encontrava-se no auge e a invasão dos Estados Unidos a Cuba era iminente”. Mario Sergio Conti corrige: “A invasão de Cuba fora eminente em 1961, quando a CIA organizou o desembarque na Baía dos Porcos e, no ano seguinte, durante a crise dos mísseis, e não seis anos depois. E 1968 não foi o ano do auge da Guerra Fria, e sim o de sua grande crise, que levou o capitalismo e o stalinismo a se darem as mãos”.

Segundo Conti, A biografia tem dezenas de barbaridades. Uma das melhores é o trecho que diz: “Fernando Collor, na tentativa de se manter no Planalto durante a campanha pela sua destituição, conclamou o povo a ir às ruas com roupas pretas para defendê-lo, e todos foram de verde-amarelo.” Como todo mundo sabe, ocorreu o contrário. Collor incitou a população a se vestir de verde-amarelo e o Brasil foi tomado por manifestantes de preto.

O biógrafo ainda narra o jogo da Seleção Brasileira contra a do Haiti, em Porto Príncipe, em 2004, que recebeu uma comissão brasileira, com o ex-presidente Lula. Há um belo relato, porém Dirceu não foi para o Haiti naquela ocasião. “É torpe a maneira como Otávio Cabral trata as namoradas e esposas de José Dirceu. Ele escreve vulgaridades machistas como “loira alta e voluptuosa”, “encontrou a inesquecível lembrança deitada na cama”, “formas avantajadas”, “a bunduda do sindicato”. Dá nome, sobrenome e profissão de algumas das mulheres que amaram Dirceu. De outras, o primeiro nome ou só a ocupação. “Empresária”, por exemplo. Por quê? Talvez por incerteza. Talvez por covardia. O que sobressai é a alusão melíflua, e não a afirmação direta”, escreve Conti em sua resenha.

Ao comparar a chamada biografia com outras obras, Conti destaca que “Otávio Cabral envolve José Dirceu numa névoa de insinuações para melhor denegri-lo. Em títulos de capítulos, chama-o de ‘camaleão’, ‘bedel de luxo’, ‘o maior lobista do Brasil’ e ‘o maior vilão do Brasil’. Como Dirceu foi condenado e aguarda a prisão, o que Cabral faz é chutar um homem caído no chão. Mas comete tantos erros que acaba chutando sua própria reputação profissional”.
E a resenha termina com a seguinte conclusão: “Em vez de trabalhar, Otávio Cabral preferiu a invencionice delirante”.

Comentário de Leandro Fortes no Facebook sobre o texto:
O antijornalismo
O título não é meu, mas da revista Piauí deste mês, na chamada de capa que faz para um texto do jornalista Mario Sergio Conti. Trata-se de uma análise devastadora dessa biografia montada para dar suporte à violência editorial da Abril contra José Dirceu e o PT.
Logo depois de ter arrasado com o livro sobre Dirceu, escrito por um repórter da Veja, Conti foi afastado do comando do Roda Viva, o programa de entrevistas da TV Cultura, estatal paulista subordinada ao governador Geraldo Alckmin, do PSDB.
Para o lugar dele irá Augusto Nunes, colunista da Veja.
Esse é um esgoto sem fim.

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