terça-feira, 30 de julho de 2013

Usain Bolt diz que quer ser jogador de futebol


Quero provar que é possível ser rápido e estar limpo, diz Bolt


 
BERNARDO MELLO FRANCO
DE LONDRES

O homem mais rápido do mundo disse à Folha estar chocado com o novo escândalo de doping que atinge medalhistas de Londres-2012.

Bicampeão olímpico nos 100 e 200 metros rasos, Usain Bolt condenou o uso de substâncias proibidas após exames flagrarem outras estrelas das pistas, como o também jamaicano Asafa Powell e o americano Tyson Gay.

Ele pediu cautela com as acusações, mas prometeu ajudar a recuperar a imagem do esporte e disse ser a prova de que "é possível ser rápido estando limpo". Bolt contou que pretende reduzir o ritmo nas próximas temporadas para se poupar até a Olimpíada do Rio de Janeiro, em 2016, onde pretende se despedir.

Folha - Estamos diante de um novo escândalo de doping que atinge outros velocistas, como Asafa Powell e Tyson Gay. Ficou decepcionado?
Usain Bolt - É difícil dizer, porque ainda não tenho todas as informações... Estou chocado com o que aconteceu. Tenho que esperar detalhes antes de julgar qualquer um, porque erros acontecem. Quero esperar um pouco para definir o que acho.


Esses casos podem lançar o atletismo numa crise de credibilidade. Isso o preocupa?
Há coisas acontecendo em vários esportes também. Eu tenho que me concentrar nas pistas. Precisamos ir em frente, fazer coisas positivas. Tenho campeonatos pela frente. Quero trabalhar duro e ajudar o esporte a encontrar motivos para esquecer isso. Eu sou parte do esporte, quero ajudar a mostrar o lado positivo dele novamente. Amo as pistas, amo correr. Quero assumir essa responsabilidade sobre os meus ombros e tentar fazer o melhor.
Você disse na semana passada que nunca se dopou. Como se manter fora disso?
Tenho uma equipe ótima ao meu redor para garantir que eu não cometa erros. Eu já provei isso para as pessoas. Passei por muitos testes de doping. Quero mostrar ao mundo que você pode ser rápido e continuar limpo. Esse é o meu objetivo, o meu foco.
Se tivesse de escolher uma: Pequim-2008 ou Londres-2012?
Hmmm... Londres. Foi onde me consolidei como lenda. É meu ponto mais alto na carreira, com certeza. Vencer pela primeira vez foi ótimo, mas muita gente já tinha feito o mesmo. Vir para cá [Londres] e vencer de novo foi ainda melhor. Muita gente achava que eu não seria capaz.
Faltam três anos para a Olimpíada do Rio. Tem condições de chegar lá como favorito?
Acho que ainda serei um dos favoritos, sem dúvida. Estou tentando fazer as coisas no meu ritmo, não forçar demais o corpo. Quero continuar vencendo, mas sem me desgastar demais. Assim, quando chegar ao Rio, poderei ir até o limite para tentar vencer mais uma vez. Será a minha última Olimpíada.
Por quê?
Porque depois eu já terei feito tudo no esporte. Você tem que saber a hora de parar, e o melhor momento é no topo. Vencer no Rio será a melhor forma de fazer isso. Quero ganhar e me aposentar.
Já traçou uma estratégia especial para essa preparação?
A próxima temporada não será tão desgastante quanto esta que está terminando. Ainda não sei quantas vezes vou correr [em 2014]. Depende do técnico, da minha forma e de não ter lesão.
O que espera da primeira Olimpíada na América Latina?
Teremos uma plateia diferente, uma energia diferente. Estou animado. Vai ser algo novo e maravilhoso.
Você já disse que pretende jogar futebol após deixar o atletismo. Mantém esse sonho?
Quero jogar. Farei o que é preciso agora, mas espero ter uma chance de jogar no meu time, o Manchester United.
E no Brasil, jogaria?
Vou jogar onde me derem oportunidade. Muita gente acha que isso é brincadeira, mas é sério!

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