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sexta-feira, 29 de julho de 2011

Atentados em Oslo e a era do preconceito

Por Celso Amorim, no sítio da CartaCapital:

Nesta era da internet a informação é instantânea. A desinformação também. A notícia sobre os trágicos atentados de Oslo chegou-me enquanto eu navegava pelos sites que costumo frequentar para me atualizar sobre o que ocorre no mundo. Pus-me imediatamente em busca dos detalhes. Abri a página de uma respeitada revista internacional. Além de alguns pormenores, obtive também a primeira explicação, que veria em seguida nas versões eletrônicas dos jornais brasileiros, segundo a qual o perpetrador dos atos terríveis era alguém a serviço de um movimento fundamentalista islâmico. Dois dias depois do acontecido, quando ficou claro que, na verdade, se tratava de um extremista de direita que pertenceu a movimentos neonazistas, ainda é possível encontrar, mesmo com ressalvas (porque a internet comete essas “traições”), a mesma interpretação apressada, baseada no preconceito contra muçulmanos.

No caso da revista internacional, a interpretação não se limitou a essa caracterização genérica. Deu “nome e endereço” do facínora, que seria um iraquiano curdo ligado a sunitas fanáticos, vivendo no exílio desde 1991. O articulista foi mais longe. Apontou as possíveis motivações do crime hediondo, que estariam relacionadas com a presença de tropas norueguesas no Afeganistão e com a percepção, por parte dos tais fundamentalistas, da cumplicidade da imprensa norueguesa com caricaturas ofensivas ao Profeta.

Evidentemente, tudo isso era muito plausível, à luz do ocorrido no 11 de Setembro, descartando-se as hipóteses conspiratórias sobre aquele trágico episódio. Mas era igualmente plausível a hipótese, que acabou confirmada, de que se tratasse de outro tipo de fundamentalista, do gênero “supremacista branco”. O alvo do ataque era um governo da esquerda moderada, visto como tolerante em relação a imigrantes e aberto ao diálogo com as mais diversas facções em situações conflituosas, inclusive no Oriente Médio. 

Para sublinhar a natureza ideológico-religiosa do ato de violência, o terrorista visou também a juventude do partido, pacificamente acampada em uma ilha.Algo semelhante havia ocorrido seis anos antes do atentado contra as Torres Gêmeas, quando outro fanático havia feito explodir um prédio público na cidade de Oklahoma, nos Estados Unidos. Daquela feita, o Estado – e tudo o que ele simboliza como limitação ao indivíduo, percebido como independente e antagônico em relação à sociedade – foi o objeto da ira destruidora. Também naquela época, quando a Al-Qaeda ainda não havia ganhado notoriedade, as primeiras análises apontaram para os movimentos islâmicos.Não ponhamos, porém, a culpa na internet.

 Ela apenas faz com que visões baseadas em preconceitos, que não deixam de refletir certo tipo de fundamentalismo, se espalhem mais rapidamente, com o risco de gerarem “represálias” contra o suposto inimigo. Felizmente, neste caso, a eficiente ação da polícia norueguesa impediu que isso ocorresse. Mas o risco existe de que, em outras situações, as tragédias se multipliquem, por vezes com o apoio de movimentos marginais inconsequentes, que buscam tirar partido dos eventos, assumindo responsabilidade por algo que não fizeram.

Não é possível ignorar que, no caso da invasão do Iraque, o preconceito, e não apenas a manipulação deliberada (que também existiu), estava por trás de vinculações absurdas, usadas para justificar decisões que causaram centenas de milhares de vítimas (há quem fale em 1 milhão). O suposto elo entre Saddam Hussein e o terrorismo nunca se comprovou, da mesma forma que eram falsas as alegações quanto à posse por Bagdá de armas de destruição em massa. Num primeiro momento, contudo, essas justificativas foram aceitas pela maioria da população norte-americana.

Não sejamos inocentes. Interesses econômicos e políticos, e não apenas preconceitos, motivaram a decisão de atacar o Iraque. Mas o pano de fundo de uma visão particularista do mundo, em que “diferente” se torna sinônimo de “inimigo”, ajuda a criar o caldo de cultura de que se valem os líderes para obter, das populações que governam, o indispensável apoio às suas custosas aventuras bélicas.

A Noruega não corre esse risco. Como disse o primeiro-ministro Stoltenberg, o terrorismo insano não destruirá a democracia do país nórdico, que, ademais, se tem notabilizado por importantes iniciativas em favor da paz. Aliás, é o ódio às pessoas que promovem a paz e o entendimento, além da intolerância e do fanatismo, que está na raiz desse bárbaro atentado. Infelizmente, não só o orgulho, como queria a romancista inglesa, mas também o ódio costuma ser um companheiro inseparável do preconceito.

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Classe D vai à universidade e estoura bolha da Míriam


A urubóloga agora deu para falar na bolha.

É a antecipação da catástrofe que nao se realizará.

É uma das artimanhas do PiG (*): o mundo vai se acabar.

Quando ?

Só o Ali Kamel sabe.

Se não acabar, cria-se outra crise (ou bolha).

A bolha atual seria a inadimplência da Classe C.

A inadimplência do brasileiro é a menor dos BRICs.

Ou seja, se o mundo se acabar vai acabar antes na China.

E, aí, é melhor fugir para Marte.

A urubóloga já se valeu  da estratégia da “antecipação do fim do mundo” com o anúncio do apagão da Dilma, quando a Presidenta era ministra das Minas e Energia.

Este ansioso blogueiro lembra a urubóloga do destino de seu colega no Bom (?) Dia Brasil, o enólogo Renato Machado.

Foi promovido a Rei da Inglaterra, porque a Classe C acha ele um chato.

A urubóloga corre o risco de ser designada para ajudar a Blá-blarina a achar o rumo de casa.

Na floresta.

Este ansioso blogueiro entrevistou Renato Meirelles, sócio-diretor do Data Popular, uma instituição de pesquisa que se especializou em perscrutar a Classe C.

Na verdade, o Data Popular e o Marcelo Neri da FGV, do Rio, descobriram uma forma de ganhar a vida sendo pagos pela elite brasileira para falar mal da elite brasileira.

Essa elite da  “antecipação do fim do mundo”.

A entrevista com o Meirelles vai ao ar nesta terca feira no Entrevista Record, da Record News – que tem o dobro da audiência da Globo News – às 22h15, logo depois do Heródoto Barbero.

Renato vai mostrar que desde 2002, com o Nunca Dantes (que, por isso a elite jamais o perdoará), houve 800 mil novos universitários da classe D.

Classe D , amigo navegante.

Hoje, 100 mil jovens da Classe D – classe D – entram por ano na universidade.

Por culpa desses malditos ProUni e Enem!

Que horror !

E, amigo navegante, agora que o Meirelles estoura a bolha da Miriam:

Para cada ano que um jovem de classe D fica na universidade, o salário dele se torna 15% maior do que o de um jovem que não foi para a faculdade.

Isso é ascensão na veia.

E nao é aquela prosperidade do Plano Real da urubóloga – da dentadura, do frango.

É prosperidade que se torna patrimônio pessoal, irremovível: educação.

Nao é uma bolha.

É conhecimento que torna a pessoa muito mais preparada para se virar numa adversidade.

Se, hoje , a economia dá uma freada de arrumação, não ha nenhum motivo para se imaginar que a bolha (bolha de quê ?) vá explodir na cara da Presidenta.

O jovem filho de cortador de cana que estuda na Escola Técnica de Suape para ser soldador num estaleiro é muito mais esperto do que a urubóloga pensa.

Cuidado, um dia a Classe D vai à forra e manda o Casal 45, com o Ali Kamel , para a Corte do Rei Artur.


Paulo Henrique Amorim

(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.