Ontem eu e mais 35
milhões de fiéis torcedores(as) fomos tomados(as) pela emoção e por um
sentimento inexplicável pela conquista desse título inédito da Libertadores ,
foram 102 anos de espera e eu fiquei pensando como agradecer toda essa imensa
felicidade e concluir que falar, gritar,
chorar não explicaria e decidir
escrever, porque as palavras movem moinhos e desvendam paixões que até o ser
humano desconhece, vamos lá.
Quatro de julho de 2012,
quarta-feira, dia de lua cheia, de som, de gritos e de poesia. Dia histórico
que nenhum brasileiro(a) jamais se esquecerá. Essa semana começou diferente,
ontem foi tudo diferente, o Brasil parou! Esse Brasil de tantos times ontem só
havia dois, Corinthians e os contras o timão! Algo inédito aconteceu, os outros
clubes foram extintos e mais que de repente o Boca tornou-se um time
brasileiro, e quem é esse Corinthians que
causa essa crise de identidade?
E explico, essa explosão de paixão e emoção, se
manifestou pela primeira vez no dia 1º de setembro de 1910. Naquele dia, há
exatos 102 anos, no bairro do Bom Retiro, nascia o Sport Clube Corinthians Paulista. O time foi fundado por cinco jovens operários. O
primeiro jogo oficial do Corinthians foi em 10 de setembro de 1910, contra o melhor time da
Várzea, o temível União da Lapa. Acostumado a golear seus adversários. O
União da Lapa encontrou um Corinthians valente, cuja garra impressionou a todos. Os operários que
assistiam ao jogo se identificaram com a raça corinthiana e começou ali a
fama que seria a marca do Corinthians: O time do povo, o time da raça.
Ontem realmente eu entendi o verdadeiro sentido da palavra
democracia, raça e massas. Hoje,
avaliando tudo que aconteceu, passa um filme na minha cabeça, e logo vêm várias
cenas a minha frente. Lembro-me de homens abraçando homens sem medo, chorando
sem vergonha, se emocionado sem pudores, qualquer lugar se transformou num
espaço verdadeiramente democrático, e todos os presentes, cada um de sua forma,
demonstravam seus sentimentos, naquele instante não existiam patrões nem
empregados, comandantes nem comandados, pois todos se transformaram em
protagonistas, protagonistas de um palco com luz, com cores, de sonhos, de amor e alegria. Todos vestidos
com trajes do Coringão, com uniformes de cores tão simples e tão dignas.
Essa torcida é única. A
grande massa que vão aos estádios sai dos bairros mais distantes, isso é uma
forma de aliviarem suas opressões e pressões. Transcrevo um trecho do livro
"Futebol ao Sol e à sombra" do poeta Eduardo Galeano (sim, ele mesmo,
poeta socialista Uruguaio) que fala de torcedores:
"Metido numa centopéia
perigosa, o humilhado se torna humilhante e o medroso mete medo. A onipotência
do domingo exorciza a vida obediente do resto da semana, a cama sem desejo, o
emprego sem vocação ou o emprego nenhum: Liberado por um dia, o fanático tem
muito do que se vingar".
Essa gente trava diariamente
uma verdadeira guerra contra a dor, a fome, ônibus lotado, humilhações,
desemprego, lágrimas... mas levam consigo a esperança e expectativa de chegar o
final de semana, pra ver o timão jogar, e ganhando ou perdendo, a festa sempre
vale a pena, porque não é simplesmente uma torcida, é uma nação, e uma nação
patriota, jamais abandona seu país na guerra. Mesmo sabendo que no campo de
batalhas, suas armas não possuem a mesma potência dos adversários, mas a paixão
supera qualquer tanque ou fuzil, ela brota da alma, e essa ninguém consegue
atingir.
São Jorge, Santo Guerreiro nos proteja de todos os males, que
enfrenta todos os bugres e dragões, e que nos afasta, com toda a classe, de
porcos, urubus, leões, peixes e outros bichinhos que costumam se arriscar
pelos campos, porque a inveja está gigante, devido a nossa campanha que cala os críticos, envergonha as
outras torcidas, mas que orgulha e emociona a nossa massa.
Ontem ao
anoitecer São Jorge estava vivo naquela imensa lua cheia, nosso santo padroeiro
não iria ficar de fora da festa. E hoje ao raiar do dia, ao nascer do sol, todos
perceberam que nossa profecia se concretizou- Hoje não é um dia comum!!!!
Quero pedir perdão aos
que torceram contra nosso título, não foi dessa vez!
E aos que
torceram incansavelmente, pode comemorar a América é nossa, porra!!!
Obrigada
Corinthians!
Clébia
Rosa
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