Após resistir a duras investidas da Junta Militar Chilena que exigia sua saída da presidência do país, Salvador Allende matou-se com um tiro na boca. Seu corpo foi encontrado reclinado num sofá, sobre uma poça de sangue, numa das salas do Palácio de La Moneda.
Os últimos meses que antecederam aquele 11 de setembro foram marcados por uma grave crise no Chile. A economia estava praticamente paralisada, em conseqüência de uma sucessão de greves e de uma inflação sem controle. Sem crédito no exterior, as importações caíram visivelmente, causando escassez de combustíveis e alimentos.
Esse panorama, fragilizou a esquerda de Allende. E o golpe se fez no mesmo dia de seu suicídio. A Junta que assumiu o controle do país, logo após a deposição do governo, prometeu devolver a nação à normalidade. Foi decretado o estado de sítio e o toque de recolher. Iniciava-se a ditadura militar do General Pinochet, que perdurou no poder autoritário por 17 anos, num período de barbárie, marcado por torturas, assassinatos e desaparecimento de cidadãos chilenos.
Para driblar a censura brasileira que exigia que nenhum alarde fosse feito na primeira página para o episódio, o JB ousou em criatividade e sagacidade numa capa que entrou para a História como uma das mais polêmicas editadas no período da ditadura. Nada de títulos garrafais, nem fotos abertas: a primeira página não contemplou manchete alguma, nem uma fotografia sequer; só texto. A morte do presidente chileno era o único assunto da primeira página do jornal numa extensa redação, emoldurada pelo habitual serviço de classificados.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Seu comentário é importante!