O desembargador do Tribunal Regional do Trabalho da 18ª Região (TRT18), Júlio César de Cardoso Brito, foi condenado nesta quinta-feira pelos seus colegas a aposentadoria compulsória com vencimentos proporcionais devido ao seu envolvimento com o grupo de Cachoeira. Ele foi flagrado em gravações conversando com o integrantes do grupo do contraventor.
Reportagem do jornal O Popular, assinada por Pedro Palazzo, diz que a defesa de Cardoso vai recorrer e a até o trânsito em julgado, ele continuará a receber remuneração bruta de R$ 24.117,62 mais benefícios. Se confirmada a sanção, Brito deverá receber R$ 16.078,41.
No voto, cuja leitura começou por volta das 8 horas e só foi concluído depois das 17 horas, o relator Paulo Pimenta Pimenta foi enfático: “Esse não é o momento para eufemismos, o requerido mentiu sistematicamente para seus pares e para a população.”
A presidente do TRT18, Elza Cândida da Silveira, em meio a lágrimas, durante entrevista coletiva, classificou o relatório como “perfeito”: “O relator foi minucioso. Nós não tínhamos nada a acrescentar. Nunca vi um voto tão perfeito.” E, de fato, nenhum dos votantes se manifestou.
O julgamento foi declarado encerrado às 17h15, menos de um minuto depois de o relator concluir sua leitura. “Estamos sangrando na pele. É um dia muito difícil para nós. É uma pessoa ilibada, muito religiosa e ninguém imaginaria que no final aconteceria isso”, declarou a presidente.
Histórico
O juiz é suspeito de receber presentes ou promessas de benefícios, como ingressos para eventos artísticos, pacotes turísticos e um carro de luxo (Citroen C4 Pallas), que teria sido parcialmente pago com recursos da organização criminosa. Cardoso de Brito afirma que conhecia Cachoeira, mas só de forma superficial.
O processo inclui 77 ligações interceptadas pela polícia, em que o magistrado conversa com um dos braços direitos de Cachoeira, Gleyb Ferreira da Cruz, a quem Brito trata como “irmão”.
Nas conversas, o juiz discute situação de empresas com ações trabalhistas no TRT de Goiás, entre elas o laboratório Vitapan, controlado pelo grupo de Cachoeira, a distribuidora de medicamentos JC, de um irmão do empresário, e a Ideal Segurança.
Há suspeitas de que uma viagem do magistrado a Buenos Aires foi patrocinada por Gleyb. Numa das conversas gravadas pela Polícia Federal na Operação Monte Carlo, um operador de Cachoeira discute com Brito a encomenda de um computador que o empresário traria para ele de Miami (EUA).
O juiz afirma que não atuou no julgamento de ações de interesse das empresas. Brito alegou em sua defesa nos autos que não houve qualquer influência sua no julgamento de processos.
Brito garante que mantinha convívio social com Gleyb e com o delegado da PF (afastado das funções) Deuselino Valadares dos Santos, não chegando a amizade íntima ou a algum vínculo de negócios.
Fonte: 247
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