Do Correio Braziliense: Sem partido ou cargo eletivo, Marina estuda disputar novamente o Planalto
Karla Correia – especial para o Correio -O instituto que leva o nome de Marina Silva tem incorporado temas como combate à corrupção e ficha limpa |
Uma certeza passou a nortear o segundo turno da eleição: quem conseguisse se aproximar do eleitorado de Marina subiria a rampa do Planalto. Temas relacionados ao meio ambiente ganharam espaço no debate entre os presidenciáveis em busca do legado eleitoral de Marina.
Desde então, o capital político amealhado pela candidata derrotada não se dissipou com a eleição de Dilma, mas sua posição de liderança dentro do PV entrou em crise. A ala “marineira” da legenda defendia mudanças no comando da sigla, mas perdeu a queda de braço com o presidente do partido, José Luiz Penna. Marina deixou o PV depois de dois anos filiada e lançou o “Movimento por uma nova política”. Trata-se de uma ideia simples, mas que tem se mostrado eficiente em manter o nome da ex-presidenciável reverberando.
Sem ocupar um posto político pela primeira vez em 20 anos de vida pública, Marina conseguiu reunir, em Brasília, em um evento no último dia 14, uma variada gama de interessados em se aproximar do movimento, que inclui praticamente todas as bandeiras moralizadoras que vêm emergindo em meio à sociedade civil organizada. Ficha limpa? Faz parte do ideário do movimento. Combate à corrupção? Também. Voto aberto no Congresso? Idem. “Trata-se de uma discussão suprapartidária. A proposta que defendemos, o que tratamos como uma nova política hoje não cabe em nenhum partido”, pondera o advogado André Lima, colaborador do instituto e amigo pessoal de Marina.
Pedro Ivo Batista, contudo, aponta a formação de um partido como destino natural do instituto. “Isso deve ocorrer logo após 2012”, explica. Nas eleições municipais, o movimento apenas deve apoiar esse ou aquele candidato que se identificar melhor com o perfil do que prega Marina, independentemente da agremiação a que pertença. “Passadas as eleições, chega a hora de definir a criação de uma legenda. Nosso foco é 2014, quando Marina poderá sair candidata à Presidência da República”, projeta.
Para o deputado Alfredo Sirkis (PV-RJ), a novidade da abordagem da ex-candidata faz com que ela se mantenha como figura relevante no cenário político. “A Marina tem uma visão única de que a estrutura partidária atual está em crise, sabe captar os anseios da sociedade e entende a importância que as mídias sociais têm na política, bem como o peso desses novos formadores de opinião. Isso faz dela um fenômeno novo na política”, elogia o deputado.
O fato de não ter cargo não significa que Marina esteja longe dos holofotes. Na segunda-feira da semana passada, por exemplo, ela participou de um debate sobre o novo Código Florestal promovido pela seção local da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Na terça, em São Paulo, esteve em um seminário sobre o mesmo tema, no Instituto Fernando Henrique Cardoso (iFHC). No evento, Marina e FHC trocaram afagos ao falar do projeto, em tramitação no Congresso. Na sexta-feira, Marina estava em Fortaleza para o lançamento do Comitê Brasil em Defesa das Florestas e do Desenvolvimento Sustentável. Também se encontrou com um grupo de blogueiros do Ceará para falar da força política das chamadas “novas mídias” — uma especialidade de Marina, que soube capitalizar como poucos sua presença na internet nas eleições de 2010.
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