Carta ao meu amado Bi-campeão
Corinthians
Hoje eu e mais 35
milhões de fiéis torcedores(as) fomos tomados(as) pela emoção e por um
sentimento inexplicável pela conquista desse título inédito do Mundial, foram
102 anos de espera e eu fiquei pensando como agradecer toda essa imensa
felicidade e concluir que falar, gritar,
chorar não explicaria e decidir
escrever, porque as palavras movem moinhos e desvendam paixões que até o ser
humano desconhece, vamos lá!
Dezesseis de dezembro 2012,
domingo, dia frio e chuvoso, cheio de som, de gritos e de poesia. Dia histórico
que nenhum brasileiro(a) jamais se esquecerá. Essa semana começou diferente,
ontem foi tudo diferente, o Brasil parou! Esse Brasil de tantos times hoje só
havia dois, Corinthians e os contras ! Algo inédito aconteceu, os outros clubes
foram extintos e mais que de repente o Chelsea tornou-se um time brasileiro, e
quem é esse Corinthians que causa essa crise de identidade?
Eu explico. Essa explosão de paixão e emoção, se
manifestou pela primeira vez no dia 1º de setembro de 1910. Naquele dia, há
exatos 102 anos, no bairro do Bom Retiro, nascia o Sport Clube Corinthians Paulista. O time foi fundado por cinco
jovens operários. O primeiro jogo oficial do Corinthians foi em 10 de setembro de 1910, contra o
melhor time da Várzea, o temível União da Lapa. Acostumado a golear seus
adversários. O União da Lapa encontrou um Corinthians valente, cuja garra impressionou a
todos. Os operários que assistiam ao jogo se identificaram com a raça
corinthiana e começou ali a fama que seria a marca do Corinthians: O time do povo, o time da raça.
Hoje realmente eu entendi o verdadeiro sentido da palavra
democracia. Hoje,
avaliando tudo que aconteceu, passa um filme na minha cabeça, e logo vêm várias
cenas a minha frente. Lembro-me de homens abraçando homens sem medo, chorando
sem vergonha, se emocionado sem pudores, qualquer lugar se transformou num
espaço verdadeiramente democrático, e todos os presentes, cada um de sua forma,
demonstravam seus sentimentos, naquele instante não existiam patrões nem
empregados, comandantes nem comandados, pois todos se transformaram em
protagonistas, protagonistas de um palco com luz, com cores, de sonhos, de amor e alegria. Todos vestidos
com trajes do Coringão, com uniformes de cores tão simples e tão
dignas.
Hoje ganhamos porque Cássio foi gigante, porque Danilo foi Danilo, porque Jorge Henrique foi Usain Bolt, porque Emerson foi Senna, porque Fábio Santos foi Marcelinho, porque Chicão foi carrapato, porque Paulo André foi Ronaldo, porque Alessandro foi sensacional, porque Paulinho foi Sócrates, porque Ralf foi Neto, porque Guerrero foi brasileiro, porque Tite(silêncio-sem palavras) e porque a torcida foi foi foi o 12° jogador!
Essa torcida é única. A
grande massa que vão aos estádios sai dos bairros mais distantes, isso é uma
forma de aliviarem suas opressões e pressões. Transcrevo um trecho do livro
"Futebol ao Sol e à sombra" do poeta Eduardo Galeano (sim, ele mesmo,
poeta socialista Uruguaio) que fala de torcedores:
"Metido numa
centopéia perigosa, o humilhado se torna humilhante e o medroso mete medo. A
onipotência do domingo exorciza a vida obediente do resto da semana, a cama sem
desejo, o emprego sem vocação ou o emprego nenhum: Liberado por um dia, o
fanático tem muito do que se vingar".
Essa gente trava
diariamente uma verdadeira guerra contra a dor, a fome, ônibus lotado,
humilhações, desemprego, lágrimas... mas levam consigo a esperança e
expectativa de chegar o final de semana, pra ver o timão jogar, e ganhando ou
perdendo, a festa sempre vale a pena, porque não é simplesmente uma torcida, é
uma nação, e uma nação patriota jamais abandona seu país na guerra. Mesmo
sabendo que no campo de batalhas, suas armas não possuem a mesma potência dos
adversários, mas a paixão supera qualquer tanque ou fuzil, ela brota da alma, e
essa ninguém consegue atingir.
São Jorge, Santo Guerreiro nos proteja de todos os males, que
enfrenta todos os bugres e dragões, e que nos afasta, com toda a classe, de
porcos, urubus, leões, peixes e outros bichinhos que costumam se arriscar
pelos campos, porque a inveja está gigante, devido a nossa campanha que cala os críticos, envergonha as
outras torcidas, mas que orgulha e emociona a nossa massa.
Ontem
ao anoitecer rezei aos prantos para São Jorge, nosso santo padroeiro. E hoje ao
raiar do dia, ao nascer timidamente o sol, todos perceberam que nossa profecia
se concretizou- Hoje não é um dia comum!!!!
Quero rir da cara aos
que torceram contra nosso título, não foi dessa vez!
Ela ela ela é festa na
favelaaaaaaa... com muito orgulho!!!
Como diz Chico Buarque: "Gente humilde que vontade de chorar".
E
aos que torceram incansavelmente pode comemorar o Mundo é nosso, porra!!!
Obrigada
Corinthians!
Clébia
Rosa