domingo, 23 de fevereiro de 2014

PT-DF confirma, por unanimidade, pré-candidatura de Agnelo à reeleição

Publicação: 23/02/2014 11:08 

Agnelo é o primeiro pré-candidato confirmado ao Butiri ( Iano Andrade/CB/D.A Press)
Agnelo é o primeiro pré-candidato confirmado ao Butiri
O diretório regional do Partido dos Trabalhadores (PT) aprovou na noite desse sábado (22/2), por unanimidade, a candidatura do governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, à reeleição. Essa é a primeira pré-candidatura oficialmente confirmada para a disputa ao Palácio do Buriti nas eleições de outubro. O PT ainda discute as alianças no âmbito local.

Pelo Twitter, Wilmar Lacerda, secretário de Administração Pública do DF, comemorou a decisão: "Por unanimidade dos presentes, diretório regional do PT-DF aprova candidatura do Governador Agnelo à reeleição. Unidade do PT é fundamental." 
Quem também aprovou a confirmação de Agnelo à candidatura foi o deputado Roberto Policarpo (PT-DF), presidente do partido em Brasília. “As pesquisas que temos apontam para melhorias em todas as áreas da cidade. O governador tem totais credenciais para manter a gestão por mais quatro anos”, afirma. O parlamentar garante que nem mesmo problemas como segurança pública são o suficiente para fragilizar a corrida eleitoral de Agnelo à reeleição. “Questões como essa é um problema nacional. Claro que precisamos enfrentar, mas esse não é um problema só do DF”, frisa.

O nome de Agnelo será oficializado pelo PT em uma convenção a ser realizada entre 10 ou 11 de maio. Só então, por volta de 27 de junho, quando o nível de alianças estará definido, que o governador será candidato oficial junto à Justiça Eleitoral. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) dá o prazo de 10 a 30 de junho para cada partido oficializar e apontar os coligamentos.

terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Justiça suspende direitos políticos de Arruda por 4 anos


O Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios divulgou na noite de hoje (17) que o ex-governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda, e ex-secretário de Esportes e Lazer do DF, Agnaldo Silva de Oliveira, foram condenados a pagar multa civil, à perda dos direitos políticos e à proibição de contratarem com o Poder Público. A decisão cabe recurso e foi tomada por sentença proferida por juiz da 1ª Vara de Fazenda Pública na sexta-feira (14).

A decisão foi proferida em Ação Civil Publica de Improbidade Administrativa proposta pelo Ministério Público do Distrito Federal e Territórios, que denúnciou que a contratação de um amistoso entre as seleções de futebol do Brasil e de Portugal em 19 de novembro de 2008 não obedeceu os trâmites legais.

Segundo a sentença da 1ª Vara de Fazenda Pública, Arruda teve os direitos políticos suspensos por quatro anos e Oliveira por três anos, a contar da data do trânsito em julgado. Os dois deverão pagar multa no valor equivalente a 50 vezes o salário que recebiam na época, "em favor do erário distrital, montante que deve ser acrescido de correção monetária pelo IPCA-E [Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo Especial] a contar de hoje [sexta-feira] e juros de mora de 1% ao mês". Arruda e Oliveira também estão proibidos de contratar com o Poder Público ou deles receber quaisquer benefícios ou incentivos fiscais.

Fonte: Da Agência Brasil

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

MEC planeja criar rede universitária indígena até o ano de 2015

Cursos serão criados em parceria com diferentes instituições e não atenderão somente índios

O Ministério da Educação pretende criar, até o ano que vem, uma rede universitária que contemple os conhecimentos produzidos pelos índios brasileiros. Assim como no projeto de educação a distância nas universidades federais, o Universidade Aberta do Brasil (UAB), os cursos de graduação e pós criados dentro da rede não pertencerão a uma instituição só. Eles farão parte de uma rede, que terá capacidade de atender mais interessados em todo o país.
Divulgação
Pouco mais de 10 mil indígenas estão hoje matriculados no ensino superior
“A proposta não é levar índio para a universidade simplesmente. É levar conhecimento indígena para as instituições que trabalham com a formação deles também”, afirma Rita Gomes do Nascimento, coordenadora geral de Educação EscolarIndígena, órgão ligado à Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão (Secadi) do MEC.
Segundo ela, as experiências isoladas de cursos voltados à valorização da vivência indígena já existentes serão ampliadas. Hoje, há 20 instituições públicas que oferecem cursos de licenciatura interculturais aos índios. São graduações que formam professores indígenas, considerando as especificidades do ensino e da vida na aldeia importantes no curso.
“Vamos pesquisar com mais profundidade as experiências internacionais também. Sabemos que países como a Bolívia e o México possuem universidades indígenas. Na Bolívia, há 22 cursos específicos em cinco universidades. No México, oito universidades oferecem 49 cursos. Há experiências também no Canadá e nos Estados Unidos. Queremos buscar experiências, mas encontrar o melhor formato para o nosso país”, afirma a coordenadora.
Rita ressalta que as necessidades e os conhecimentos produzidos pelos povos indígenas precisam estar mais presentes no ensino superior. “Há inúmeros cuidados que eles têm de preservação da natureza e construção de casas, por exemplo, que podem nos ensinar muita coisa. Temos tido uma relação desigual na construção desses saberes. Apenas uma vertente sobre o que é saber científico tem prevalecido”, critica.
Unir os conhecimentos das tribos e da academia será o objetivo dessa rede universitária. Os universitários vão aprender a gerenciar os territórios (seus problemas e suas vantagens) indígenas de acordo com as especificidades locais. Os cursos, no entanto, não serão exclusivos para alunos indígenas. “O objetivo é promover intercâmbio cultural”, comenta. Segundo Rita, as instituições que já recebem alunos indígenas se tornaram espaços mais democráticos.
Distantes
Pouco mais de 10 mil indígenas estão hoje matriculados no ensino superior, que possui mais de 7 milhões de estudantes. Na educação básica, há 258.882 matrículas de alunos indígenas que, espera-se, desejem chegar um dia à universidade. “O MEC passou a coordenar a política educacional desses povos na década de 1990. O investimento na educação básica foi grande, mas a situação ainda precária. Vamos fortalecer os programas”, conta.
No ano passado, o ministério lançou o Programa Nacional de Territórios Etnoeducacionais Indígenas para aperfeiçoar as políticas de educação para esses povos. Representantes das diferentes etnias, das instituições que já possuem cursos voltados para esse público e pesquisadores vão participar das reuniões do grupo criado para desenhar o modelo dessa rede universitária. A primeira reunião será na primeira quinzena de março

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Estatuto da Juventude já está em vigor

Garantia de direitos aos jovens passa a ser uma política de Estado – e não de partido. Texto é o instrumento legal que determina quais os direitos dos jovens que devem ser garantidos e promovidos pelo Estado brasileiro, independente de quem esteja à frente da gestão dos poderes públicos.




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Aprovado em julho de 2013 pelo Congresso Nacional e sancionado pela presidenta Dilma Rousseff em agosto do mesmo ano, o Estatuto da Juventude entrou em no último dia 7 de fevereiro, 180 dias após a sua publicação no Diário Oficial da União. O Estatuto é o instrumento legal que determina quais os direitos dos jovens que devem ser garantidos e promovidos pelo Estado brasileiro, independente de quem esteja à frente da gestão dos poderes públicos.

“Em sintonia com demandas históricas dos jovens, o Estatuto assegura, por exemplo, os direitos à participação social e política, à mobilidade e à segurança pública ao acesso à Justiça. Todas as pautas muito presentes nas ruas recentemente”, destaca a secretária nacional de Juventude, Severine Macedo.
De acordo com a secretária, o que faz o Estatuto é detalhar, dentro das garantias já previstas pela Constituição, quais são as especificidades da juventude que precisam ser afirmadas. O direito à participação, o primeiro a ser definido no Estatuto, por exemplo, aponta o jovem como “pessoa ativa, livre, responsável e digna de ocupar uma posição central nos processos políticos e sociais” e reivindica a “efetiva inclusão dos jovens nos espaços de decisão com direito a voz e voto”.
Por sua vez, o direito à Profissionalização, ao Trabalho e à Renda prevê a oferta de condições especiais de trabalho, permitindo, entre outras
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 Paulo Paim, relator do texto legal: no transporte
 público, direito assegurado aos jovens
coisas, a compatibilização dos horários de estudo e de ocupação profissional.
Durante a tramitação do projeto no Senado, Paulo Paim (PT-RS), que foi relator do texto, em plenário, defendeu a manutenção dos descontos e gratuidades em transporte interestadual para jovens de baixa renda e a meia-entrada em eventos culturais e esportivos para estudantes e jovens de baixa renda.
Além dos três direitos já mencionados acima, o Estatuto também aborda os direitos à Educação; à Diversidade e à Igualdade; à Saúde; à Cultura; à Comunicação e à Liberdade de Expressão; ao Desporto e ao Lazer; à Sustentabilidade e ao Meio Ambiente.
“O desafio agora é popularizar o Estatuto para que os jovens conheçam seus direitos e vejam nele um instrumento legal de reivindicação para melhorar suas condições de vida”, ressalta Severine.
Benefícios diretos e Sistema Nacional de Juventude
O Estatuto também define dois benefícios diretos: os descontos e gratuidades em transporte interestadual para jovens de baixa renda e a meia-entrada em eventos culturais e esportivos para estudantes e jovens de baixa renda.

Além dos benefícios, o documento ainda demanda a criação do Sistema Nacional de Juventude (Sinajuve) que deve organizar, em todo o país e de maneira participativa, o planejamento, a implementação, o acompanhamento e a avaliação das ações, planos e programas que constituem as políticas públicas de juventude.
Para entrarem em vigor, porém, tanto os benefícios quanto o Sinajuve ainda precisam de regulamentação, processo que está em andamento na Casa Civil da Presidência da República.
Com informações da Secretaria Nacional de Juventude da Presidência da República

PLENÁRIA DE BALANÇO DE GOVERNO, COM O GOVERNADOR AGNELO QUEIROZ


quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Marina aceita ser vice de Eduardo Campos



Ex-senadora avalia que governador tem cumprido promessas feitas a ela

A ex-senadora Marina Silva aceitou ser candidata a vice-presidente da República na chapa que será encabeçada pelo governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB).

Marina reconhece o esforço de Campos para cumprir os compromissos que asssumiu com ela. Os dois principais são: apresentar um programa de governo que leve em conta o ideário da Rede e lançar candidatos próprios a governador em São Paulo, Rio de Janeiro e Minas.

Nas palavras de quem acompanhou a negociação entre Marina e Campos, o governador de Pernambuco está fazendo “uma correção de rota” no PSB desde o último dia 5 de outubro, quando a ex-senadora aceitou entrar no seu partido.

Campos, por exemplo, reviu compromissos políticos para alianças em alguns Estados a fim de atender propostas de Marina. Também recalibrou sua relação com defensores mais tradicionais do agronegócio.

Nas palavras de Marina, Campos tem sido leal e, aos poucos, vem fazendo inflexões no PSB a fim de adequar seu discurso e seu programa ao figurino da Rede. Ela entende que isso leva tempo e que Campos tem caminhado para contemplar suas ideias.

A ex-senadora considera que, atendidos esses critérios, ela deve ser vice, como já pediu Campos. Pesquisas do PSB mostram que a apresentação ao entrevistado de uma chapa Campos-Marina melhora a intenção de voto do governador de Pernambuco.

Ao aceitar ser vice de Campos, Marina disse que ele poderia efetuar até uma troca na chapa ao longo dos próximos meses caso encontre um nome que possa agregar maior apoio político.

Campos avalia que Marina é a opção que mais fortalece o projeto presidencial do PSB. Ela obteve quase 20 milhões de votos na eleição presidencial de 2010. O PSB acredita que Marina pode impulsionar o partido a tomar o lugar do PSDB em eventual segundo turno contra a presidente Dilma Rousseff.

Em São Paulo, o nome mais forte hoje para ser candidato a governador é o do advogado Pedro Dallari, filiado ao PSB. Há um empecilho. Ele é coordenador da Comissão Nacional da Verdade e teria de deixar esse posto. Menos cotado, o vereador Ricardo Young (PPS) é uma alternativa a Dallari.

No Rio de Janeiro, está bem encaminhada a negociação para que o deputado federal Miro Teixeira (Pros) seja candidato em aliança com o PSB.

Em Minas, a situação é mais complicada, porque PSB e PSDB possuem uma sólida união política. O prefeito de Belo Horizonte, Márcio Lacerda (PSB), tem dificuldade de ser candidato contra os tucanos.

O momento do anúncio de Marina como vice de Campos está em estudo. Há possibilidade de acontecer na segunda quinzena de fevereiro ou no início de março, após o Carnaval.

Foto: José Cruz/ Agência Brasil

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Diálogo na volta às aulas em Samambaia




Repórter: Élton Skartazini

Nessa segunda, 03/02/2014 o administrador Risomar Carvalho visitou o Centro de Ensino Fundamental 519 e o Centro de Ensino Médio 304, onde verificou as condições das salas de aula para o início do ano letivo. Em reunião com professores do CEM 304 divulgou as ações do Governo Agnelo Queiroz na região, principalmente as voltadas à educação. Ouviu reclamações, sugestões e elogios referentes à evolução e administração da região.

Em 2013 o Governo Agnelo Queiroz inaugurou o Centro de Ensino Infantil 210 e reconstruiu as Escolas Classe 108 e 121, preparadas para educação em tempo integral. Construiu o Ginásio Poliesportivo do Centro de Ensino Médio 414 e a Quadra Coberta do Centro de Ensino Especial 01, na QR 303. No primeiro semestre de 2014 deverão ser entregues oito Centros de Educação da Primeira Infância - CEPI.

Na quarta, 05/02/2014, iniciam as aulas na rede pública de ensino do Distrito Federal. Em Samambaia os números mostram o quanto é utilizada a rede educacional mantida pelo GDF. Em 2013 foram 37.475 alunos. Em 2014 estão matriculados 43.411, nas 40 escolas e nove creches conveniadas.

Entre 2012 e 2014 a Secretaria de Ensino/DF contratou mais de três mil novos professores efetivos. Desses, 270 atuam em Samambaia. “Desejamos boas vindas aos alunos e professores. Que 2014 seja um ano muito produtivo. A Administração Regional continuará empenhada em melhorar a iluminação pública, calçadas e vias de acesso às escolas, a fim de elevar a segurança e conforto da comunidade escolar”, disse Risomar Carvalho.

sábado, 1 de fevereiro de 2014

Morre Aragonés. O técnico que mudou o time da Espanha

Morreu Luis Aragonés. O mundo do futebol amanheceu mais triste neste sábado, primeiro dia de fevereiro de 2014.
Aragonés foi o homem que mudou os rumos do futebol espanhol. Não tivessem sido as ações corajosas e sábias deste homem, que já não tinha muito a perder, talvez muito do que vimos nos últimos anos não tivesse se concretizado.
Precisamos voltar um pouquinho no tempo, ao segundo semestre de 2004. A Espanha havia acabado de ser derrotada na Eurocopa de Portugal, pela seleção de Felipão. Mais uma vez, o filme se repetia. Um time bom no papel, considerado até favorito mas que, na hora H, decepcionava. O país já estava acostumado com isso. Em 2002, havia sido um juiz na Coreia. Em 2004, um novo anfitrião. Sempre algo acontecia.
Eu já morava na Espanha nessa época, havia chegado em novembro de 2003. E logo identifiquei semelhanças entre os discurso do espanhol com o meu, de torcedor da Lusa. O azarado, injustiçado, roubado, profeta do nunca seremos, acompanhado da eterna e ingrata certeza de que, na hora do vamos ver, algo ruim aconteceria.
A Federação resolve apontar Luis Aragonés como novo técnico. Ele já era uma velhinho de 66 anos de idade, um senhor que não remetia a nada se pensássemos em futebol moderno. Surgiam Mourinho, Rijkaard, novos expoentes, mas a Espanha escolhia um Ferguson sem United para tocar a coisa até a Copa da Alemanha. Um treinador que havia rodado meia Espanha, mas que, em 10, 15 anos, o máximo que havia feito era levar o Atlético de Madri de volta à primeira divisão.
Foi justamente por isso que deu certo. Aragonés pegou a Espanha com o espírito de “não tenho nada a perder''. Não tinha rabo preso com jornalistas, que já não davam bola para ele havia anos. Não tinha media training, não estava preocupado em arrumar patrocínios pessoais, em agradar, puxar saco, não iria virar treinador do Real Madrid ou do Barcelona se desse certo na Espanha, não estava preocupado com nada, enfim. Queria apenas fazer a coisa certa, como mandava seu coração.
A sorte de Luis foi a chegada de Ronaldinho ao Barcelona, em 2003, um ano antes dele assumir o cargo. O Barcelona, de Rijkaard, Ronaldinho, Deco e Eto'o, já mostrava o futebol que daria o tom nos anos seguintes. Com qualidade, valorização da bola, predomínio da técnica sobre a força física. Xavi ganha espaço, aparece Iniesta, os baixinhos ganham protagonismo. E esse modo de jogador futebol começa a encantar o país, outros clubes procuram jogar de forma parecida.
Em 2006, quando chega a Copa, o Barcelona era campeão da Europa (após 14 anos de espera), mas a Espanha ainda tinha uma seleção em que predominavam as velhas “vacas sagradas''. Os Raúls, Albeldas e Barajas da vida. Luis inova. Leva Marcos Senna, negro e nascido em outro país, para ser titular. Saca Raúl do time. Foi massacrado. Não há outra verbo. O que se via na imprensa era algo bastante mais duro, frequente e mais intenso do que vimos Felipão passar em 2002, com o caso Romário. Aragonés era massacrado em todos os jornais, todas as rádios, todos os debates de TV. Eram ataques pessoais, baixos, nojentos.
E ele amarelou na Alemanha, essa que é a verdade. Na hora do vamos ver daquela Copa, colocou o time que as pessoas queriam, não o que ele queria. Perdeu da França.
A surpresa foi gigantesca quando saiu o anúncio de sua renovação. E o divisor de águas foi uma derrota por 3 a 2 para a Irlanda do Norte, em 6 de setembro de 2006, eliminatórias da Eurocopa 2008. A partir dali, a partir daquele jogo, Aragonés definitivamente resolveu ser ele mesmo. Deu um murro na mesa. Desafiou o país inteiro. Deixou de convocar Raúl e colocou o projeto nas mãos de Casillas e Xavi. Novas lideranças de times rivais, mas amigos desde as seleções de base. Dois exemplos em qualquer aspecto que se queira levar em conta.
A Espanha passava a adotar o tiki taka, termo cunhado à época pelo já falecido narrador Andrés Montes. Um estilo mais Barça, sem influência do futebol praticado pelo Real Madrid.
Todos os jogos no Santiago Bernabéu tinham cânticos de “Raúl, Raúl, Raúl''. Que iam muito além de um simples apoio ao principal jogador do time. Eram uma resposta a Aragonés. Por outro lado, os jogos do Atlético de Madri eram marcados pelos cânticos de “Luis Aragonés, Luis Aragonés…''. Mesmo quando nenhum dos envolvidos estava presente. Era o clube onde Luis havia triunfado no passado, os Atléticos se sentiam obrigados a apoiar um dos deles diante do massacre promovido pelos meios de comunicação da capital, Raulistas até o último fio de cabelo.
Pessoalmente, eu torcia muito por Luis Aragonés. Raúl era, à época, um espectro do jogador do passado, ultravalorizado por jornalistas que tinham muito mais compromisso com as amizades e o emprego do que com as análises frias, técnicas e táticas.
A Eurocopa de 2008 é um marco. Não só na história da Espanha, mas do futebol mundial. Eu tenho sérias dúvidas se a Espanha teria ganhado tudo o que ganhou depois, não fosse aquela Euro. Sérias dúvidas se esse futebol brilhante teria inspirado o resto do mundo, como inspirou. Hoje, o futebol de alto nível, inclusive o da nossa seleção, tem marcas importantes do que foi praticado pela Espanha a partir de 2007 (claro, sem desconsiderar a revolução da revolução, praticada no Barcelona a partir da chegada de Guardiola. A duas coisas andaram juntas).
Luis Aragonés, o sábio de Hortaleza, foi o homem que teve a coragem de adotar um estilo e uma postura que iam bastante além do “ganhar''. Era uma filosofia, uma maneira de ver futebol que havia sido meio que oprimida ao longo de sua carreira de treinador. Ele literalmente desencanou do que o mundo dizia.
Depois de tantos anos com jogadores medíocres nas mãos, pegou o suprasumo do país dele e resolveu fazer o que sonhava. Se desse certo, ótimo. Se não desse, ele morreria em paz.
Para nós, brasileiros, o que vou falar agora é difícil de entender. Mas a Eurocopa-2008 é maior para a Espanha do que a Copa do Mundo-2010. Nós temos essa mania de colocar a Copa acima de tudo e de fazer “escadinhas de valor'' para os torneios de futebol. Pensem no Paulista de 77 para o Corinthians. A comparação é mais ou menos essa.
Eu tive a felicidade de viver tudo aquilo. Estava em Viena na final. Fiquei amigo de Marcos Senna. Conversei com Luis Aragonés. Nada é mais satisfatório do que viver a história a poucos metros, não apenas conhecê-la por vídeos e leituras.
Naquele verão de 2008, a Espanha provou para si mesma que era possível ganhar. Que era possível ser ela mesma. “Podemos'', era o mote do canal Cuatro, recém lançado na TV aberta do país e que tinha os direitos de transmissão daquela Euro. Era perfeito. Poder ou não poder era o X da questão. E eles viram que podiam.
Viram por causa de Luis, o bom velhinho.
Aragonés mudou o futebol. Descanse em paz.
Fonte: Uol